sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Solos - Cultivo Mínimo

Aração x Gradagem x Escarificação x Subsolagem

Aração

 A aracão é a tecnica de revolucionar a camada superficial do solo, que é aquela explorada pelas raízes, com a função de desfazer possíveis placas de compactação, e isso eventualmente deixa torrões (agregados) soltos, o que atarapalha o brotamento de sementes, crescimento de raízes, saída das plantulas do solo, e etc. Isso é feito com algum implemento puxado por algum meio de tração.


Gradagem

A gradagem é a tecnica de quebrar os torrões deixados pela aração através de implementos puxados por algum meio de tração, e torna mais homogênea a camada de solo exposta para a atmosfera, resolvendo todos os problemas citados anteriormente. Também é utilizada para incorporar substâncias no solo, como adubos, cinzas, restos vegetais, e etc.

Grade dentada: Existem outro tipo de grade, a grade de disco, e é preferia em caso de incorporação de resínduos no solo, como adubos verdes, ou daninhas.

Escarificação

O escarificador tem a mesma função do arado, mas ao invés de quebrar e girar a "placa" de solo de ponta cabeça, faz um caminho contínuo na profundidade de ação do sulco, dessa forma cada sulco atua como uma faca, "dividindo" essa placa varias vezes, cortando o solo. Muito adequado para solos "pesados" difíceis de revolucionar (muito argilosos, às vezes sem poro algum, com estrutura maciça).


Subsolagem

Processo de escarificação ou aração em profundidades do subsolo, pouco explorado pelas raízes, mas que se não compactado permite maiores ganhos agrícolas. Têm acima de 40 cm de ação, e mais comumente utilizado com tração de máquinas, mas existe possibilidade de tração animal.

Aplicação

Como descompactar?

Bom, se o solo, através do teste do post anterior, for confirmado compactado, atitudes precisam ser tomadas: Realizar a subsolagem se necessário, e se não for necessário, realizar a escarificação ou aração convencionais, nas camadas superficiais do solo. Em seguida usar a grade, após aplicação de insumos, como adubos fosfatados, ou adubos orgânicos, já que a grade ajuda a incorporar esse material no solo. Tudo isso, claro, se a camada superficial do solo estiver mesmo compactada.

Até aí nada muito difícil, mas o real problema seria, na verdade, obter esses implementos: existem alguns muito bons e muito funcionais, inclusive para tração animal, no mercado, mas costumam ser muito caros. Por outro lado duram bastante, e existe a possibilidade da construção de arados e grades artesanais. De qualquer forma, além do equipamento, animais como equinos e/ou gado bonivo seriam necessários e faria muito bem o serviço.

O resto é instintivo: deve-se ter em mente que toda a área a ser plantada deve sofrer os mesmos processos.

Exemplo de implemento misto: Arado e Grade no mesmo equipamento

Pós-aração e pós-gradagem

E depois? Enleiramento e Semeadura

Semeadora com Sulcador no mesmo equipamento

Bom, a curto prazo duas coisas devem ser feitas: O enleiramento e o preparo das covas/sulcos. O enleiramento é nada mais que amontoar o solo exposto em uma linha mais alta que o nivel do chão, para melhorar drenagem, evitando acúmulo de água na base do caule, ou ainda aumentar o volume de solo explorado, dentre outros. Também é feito com um equipamento, um enleirador, que pode ser confundido com o enleirador de palha utilizado na produção de feno. Em seguida o sulcador entra em ação para fazer uma linha mais profunda no meio da leira, para receber as sementes. Geralmente os sulcadores já são acoplados às semeadoras, assim quase sempre não há como não fazer os sulcos antes de plantar. A ação das rodas passando ao lado do sulco já semeado garante a cobertura das sementes.

Caso o solo não esteja anteriormente compactado, esses passos podem ser imediatamente tomados sem precisar do tratamento convencional já citado (melhor reafirmar, vai que não entenderam). Obviamente esses passos devem ser feitos após TODO o tratamento químico do solo ser feito, e obedecendo os tempos de carência das substâncias (Exemplo: adubo orgânico e farinha de osso devem ser colocados no solo e só após algum tempo já dito as cinzas devem ser colocadas, e isso requer gradagem, e só após alguns dias deve-se plantar).



Enleirador

Cultivo Mínimo

A longo prazo, você deve ter em mente que NUNCA mais precisará fazer tudo isso, mas deverá apenas evitar com que a compactação reaconteça, uma vez que as colheitas, semeaduras e adubações,e etc, tendem a compactar o solo novamente, daí a importância de fazer rotação de culturas com alguma espécie capaz de produzir raízes profundas (feijão-guandu, por exemplo).

Palhada mantida sobre o solo o protege de vários problemas


Essas praticas (rotação de cultura + pouco distúrbio no solo) se encaixam no conceito de cultivo mínimo e até mesmo de plantio direto, que se mostram mais produtivos e são menos trabalhosos de fazer: a idéia é desequilibrar o solo o mínimo possível, apenas caso um adubo fosfatado/orgânico/verde deva ser incorporado, ou mesmo a semeadura deva ocorrer, e nada de arados ou escarificadores, muito menos subsoladores, apenas grades bem leves e sulcadores/enleiradores entre um plantio e outro.

A rotação de culturas, ainda, é necessária para evitar o estabelecimento de patógenos (causadores de doenças) que sobrevivem no solo de restos orgânicos, ou através de estruturas especiais como esporos: fazer rotação de cultura faz com que esses esporos vençam seu "prazo de validade biológico" sem encontrar um hospedeiro, e aqueles que sobrevivem da matéria orgânica vão competir com outros microrganismos e eventualmente diminuir seu numero populacional caso nenhuma cultura hospedeira seja afetada (existem daninhas hospedeiras, logo é importante eliminar daninhas ativamente ou usar a palhada para evitar seu crescimento).

A palhada e relação C/N


A palha produzida deve ficar depositada sobre o solo e não ser incorporada, caso não seja de adubo verde, porque funciona como um cobertor, evitando temperaturas extremas e perdas de água excessivas, também evita surgimento de daninhas que tem germinação estimulada por luz, e além disso é uma reserva de nutrientes para o solo, mas cuidado: palhas pouco proteicas tendem a requerer nitrogênio vindo do solo para serem decompostas, logo palhas de gramíneas (que não fixam nitrogênio; pouco proteincas) podem causar deficiência de N na próxima cultura caso estejam em excesso ou tenham sido incorporadas no solo: mais um motivo pra deixar esse tipo de palha SOBRE o solo e sempre intercalar gramíneas (relação carbono/nitrogênio, ou C/N alta) com leguminosas/adubo verde (relação C/N baixa; muito proteicas) na rotação de culturas.

Além de tudo isso, a manutenção da palha sobre o solo é preferível do que "enterrar" os restos vegetais, já que isso causa: fungos e bactérias podem se acumular, pela presenta de matéria em decomposição em abundância, e podem se tornar agente causadores de doenças. Ainda, o pH do solo pode diminuir muito quando muito cheio de matéria orgânica, o que pode prejudicar a próxima cultura. O solo fica exposto ao sol e aos intemperes como a chuva direta e radiação solar, o que aumenta os processos de deterioração dele, além de causar a morte de seus microrganismos pelo calor, sendo que alguns deles são benéficos e importantes para as plantas. Logo, incorporar matéria orgânica não-decomposta no solo só é muito recomendada apenas para adubos verdes, de rápida decomposição e, assim, liberação de N, nutriente muito importante para as plantas.

Então, qual o ponto fraco do cultivo mínimo?


Em relação às doenças, a palhada, por manter o ambiente com temperaturas mais equilibradas no solo, pode favorecer a manutenção de patógenos nele, principalmente se eles sobrevivem em tecido em decomposição, e ainda mais se for da palhada do seu hospedeiro (cultura anterior). Nesse caso (o patogeno está sobrevivendo muito tempo no solo), deve-se incorporar a palhada, e fazer o processo de tratamento físico do solo completo, alem da técnica de solarização que parece ajudar muito, e claro: não plante plantas suceptíveis ao patógeno. já que a idéia é que sua população, na área, diminúia. Na verdade o ideal é dar ao solo um período de descanso de um ciclo, evitando crescimento desenfreado de daninhas, obviamente.


Solarização feita após tratamento convencioal do solo (Aração + Gradagem)

Tração Animal

Vai ai um link sobre tração animal, pra quem se interessar. Não acredito que há algum segredo sobre tração animal: um animal puxando implementos. Sua eficiencia vai depender do implemento que deve ser puxado (e em quantos animais consegue-se puxar) e do tempo que vai demorar para a tarefa ser realizada. Para isso o(s) animal(is) deve(m) ser forte(s) o suficiente, o que vai depender do seu tratamento.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Solos - Compactação

Compactação do solo é nada mais do que o processo de adensamento de alguma camada dele de uma forma tão intensa que dificulta a penetração das raízes das plantas abaixo dessa camada, causando déficit de crescimento, diminuição da produção, e todos aqueles problemas chatos que todo mundo já sabe. A compactação ocorre quando um objeto muito pesado passa por cima do solo, pressionando-o, quando ele está no seu estado moldável, ou seja, bem úmido.

O fato é que quanto mais pesado o objeto for, mais compacto o solo vai ficar, então esse fenômeno dificilmente ocorre numa propriedade de agricultura familiar, já que não há necessidade nem possibilidade do uso de tratores ou máquinas motorizadas, e quando acontece é facilmente resolvido, porque é menos intenso. Existem, inclusive, maneiras de prevenir a compactação, como preparar quimicamente o solo e fazer a semeadura apenas em dias em que ele está seco, adar por entre as linhas apenas quando necessário e quando o solo não está muito úmido, e evitar que animais andem na área, a não ser os animais de tração, quando você for fazer a semeadura e os preparos. Outra medida de prevenção da compactação é a rotação de culturas com plantas de raízes profundas, ou resistentes às camadas compactas do solo, como o nabo-forrageiro (Raphanus sativs) e o feijão-guandu (Cajanus cajan). Existem algumas formas de verificar se o solo está compactado, e uma delas é observar as raízes e o crescimento da planta: se a planta estiver pouco desenvolvida para a sua idade, e suas raízes estiverem excessivamente grossas e pequenas, o solo, quase certamente, está compactado.


                                       Feijão-Guandu                                     Nabo-Forrageiro

Para evitar o risco de fazer a semeadura e o preparo, e solo estar compactado, acarretando em uma baixa produção, um teste antes da semeadura se mostra mais confiável e fácil de ser aplicado, o teste de comparação de densidade. A densidade, como sabemos, é uma medida que revela a massa de um certo volume de material. O teste de compactação deve levar em conta a camada 0-40 cm do solo, e pode ser feito coletando amostras do solo com pedaços de bambu ou canos de PVC de 50 cm, naturalmente. Esse tubo devem ser dividido de 10 em 10 centímetros, separados as camadas 0-10 cm, 10-20 cm, 20-30 cm, 30-40 cm, para que possamos saber onde, exatamente, o solo está compactado, se ele está. Além disso, para que que haja certeza da compactação em toda a área de cultivo, e esse processo deve se repetir como a amostragem de solo para correção de pH, já explicada no post "Solos - Corretivo de pH", em "zig zag", em forma de Z. As amostras devem ser coletadas em dias em que o solo não está úmido, ou seja, ele deve estar seco.

Para fazer os cálculos da densidade do solo, as quantidades de terra dos tubos devem ser removidas individualmente e não devem ser misturadas, e cuidado para que partes do solo não fiquem para trás. Depois é feita a secagem rápida, para remoção de água, e de destorroamento, ou seja, o solo deve ser transformado em um pó fino, ou o mais fino possível. Em seguida essa quantidade é pesada, em kg (quilogramas) e dividida pelo volume do tudo (da camada em questão), em dm³ (decímetros cúbicos), ou L (litros), e os resultados são anotados. "Devido à forma, ao tamanho e ao arranjamento diferenciado das partículas de areia e argila, os valores médios de densidade de solos arenosos (1,2 a 1,4 kg.dm-3) são maiores do que os de solos argilosos (1,0 a 1,2 kg.dm-3). Por isso, deve-se tomar muito cuidado ao considerar o valor absoluto como referência para concluir se um solo está ou não compactado. Bowen (1981) considera críticos os valores 1,55 para solos franco-argilosos a argilosos e 1,85 kg.dm-3 para solos arenosos a franco-arenosos, afirmando que, a partir daí, ocorre restrição ao desenvolvimento de raízes" (CAMARGO de, O. A.; Alleoni, L.R.F. Reconhecimento e medida da compactação do solo. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_2/C6/Index.htm>.)

Caso o solo de uma determinada camada, da maior parte das amostrar coletadas, conter os valores acima dos valores críticos expostos no parágrafo anterior, podemos dizer que o solo está compactado, e Medidas Físicas para correção dessa compactação serão necessárias para correção desse quadro, como subsolagem e aração, e até a gradagem.



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Solos - Adubação

Finalmente chegamos ao último post da complicada série de medidas químicas para preparo de solo, e o mais fácil deles, para alegria de vocês, a Adubação. Primeiro vamos recordar o que já possuímos no nosso solo: Uma grande quantidade de potássio vindo das cinzas, juntamente com fosforo e outros micronutrientes, e uma boa dose de fosforo e calcio vindo da farinha de ossos, e, claro, outros micronutrientes, além das reservas naturais do solo. O que falta, primordialmente? O nitrogênio. Sim, crianças, o nitrogênio, o macronutriente mais importante de todos, mas isso não significa que seja complicado obtê-lo.

Adubação Verde


A melhor forma de manter o solo com nitrogênio disponível segundo a necessidade das plantas é a ADUBAÇÃO VERDE, já comentada e explicada no post "Culturas". Além disso, vale colocar esse áudio da Emater-MG, pela ótima iniciativa e de fácil entendimento. Segue o link do áudio, vale a pena conferir. O nitrogênio é um elemento crítico já que pode ser perdido para a atmosfera através da atividade de microrganismos, ou lixiviado em profundidade (levado pela água), além da retirada dele através do cultivo, o que faz com que essas reservas vão diminuindo mais rapidamente do que vão sendo repostas, assim a adubação verde é utilizada para diminuir essa diferença e/ou manter os níveis de N no solo.


Matéria Orgânica



Agora, vamos além do nitrogênio, e explorar a substância mais estranha e poderosa da natureza, que fica no intermédio entre o inorgânico e a vida, a matéria orgânica. Bom, primeiro vamos definir o que é matéria orgânica: Tudo aquilo, transformado ou não, em decomposição ou totalmente decomposto, que foi originado dos processos metabólicos que ocorreram em seres vivos. A matéria orgânica mais importante pra agricultura é chamada de húmus: moléculas compostas, principalmente, de carbono, hidrogênio e oxigênio, associadas, muitas vezes, a outros átomos, como enxofre e nitrogênio, estáveis e pequenas o suficiente para terem cargas. Sua função é melhorar a qualidade dos solos e sua fertilidade, por ter as capacidades de aumentar a CTC do solo, melhorar suas características físicas como retenção de água e drenagem, e aumentar a dinâmica de sua microbiota e outros irgânismos, que favorecem os ciclos de matéria.

Tudo muito legal, dá até vontade de sair por aí cagando nos canteiros, mas a matéria orgânica exige alguns cuidados, como tudo na vida. Primeiramente, seu excesso pode causar superpopulação de organismos decompositores, que, por sua vez, pode causar superpopulação de outros organismos, e assim pode atrair doenças de plantas e pragas de raízes, por exemplo. Além disso, matéria orgânica mal-decomposta pode trazer doenças mais graves, principalmente para os seres humanos, por atrair decompositores mais diversos, por isso é importante que a matéria orgânica aplicada no solo seja estável, em outras palavras, já tenha sido bem decomposta, então não adianta ir enterrando zumbis decapitados nas entrelinhas. E, finalmente, ela pouco decomposta tende a diminuir o pH, por isso deve ser adicionada segundo a necessidade e em nível avançado de decomposição

Agora, como produzir essa matéria orgânica decomposta? Através de minhocas detritívoras e outros organismos decompositores, como piolhos-de-cobra, sem esquecer os microrganismos, num processo chamado VERMICOMPOSTAGEM, que consiste em colocar restos alimentícios, estrume, palhas, restos de plantas saudáveis, e etc, em tambores/recipientes contendo minhocas introduzidas (outros organismos chegam sozinhos) que se alimentam dessas substâncias, até que eles transformem completamente essa mistura em húmus.

A quantidade a ser aplicada no solo, de matéria orgânica, vai depender muito de como seu solo consegue incorporar essa matéria orgânica, e de quanta ele já possui, por isso, mais uma vez, um experimento maneiro pode ajudar a solucionar esse pequeno impasse. Mas, para ajudar, essa quantidade varia 0,5 a 1 kg de húmus de minhoca para 1 m² cultivado.

Vermicompostagem


Como sempre, fui atrás de informações completas a respeito do tema, e encontrei esse manual de vermicompostagem bem completo e relativamente atual, de onde tirei as informações sobre os cuidados com os vermidigestores (tambores), inclusive existem alguns prontos no mercado, que se encaixam um sobre o outro, mas não acho necessário. As duas espécies de minhocas mais utilizadas são Eisenia foetida e Eisenia andrei, as duas chamadas de "Vermelha da Califórnia", sendo que a primeira possui comportamento mais lento, menos voraz, e cores menos intensas e pouco uniformes.





Alguns cuidados



- O local de instalação deve ser fresco, coberto, longe de incidência direta de sol, para garantir a manutenção da umidade e diminuir necessidade de regas. Regas regulares são importantes para manter a umidade, mas tente evitar o acumulo de água no fundo dos tambores, e para isso pequenos furos serão bem-vindos. O teste da umidade é uma boa forma de controlar as necessidades de rega: com a mão protegida com luvas, pegue um pouco de substrato da camada abaixo de 20 cm e aperte, se escorrer bastante água a umidade é excessiva, e se não escorrer, a umidade é baixa. O ideal é escorrer algumas gotas, apenas.

- Sempre adicionar, para um determinado volume de matéria orgânica a ser decomposta, um pouco de palha, para garantir mobilidade e aeração, bons para o desenvolvimento da população de minhocas. Para melhorar a areação, revirar e descompactar o substrato periodicamente dá bons resultados.

- Mantenha os tambores em contato com a terra, para que organismos decompositores presentes na natureza tenham acesso ao substrato

- Palhas na superfície do tambor ajudam a abafar possíveis barulhos que assustem as minhocas, ou diminuir impacto das gotas de chuva, e ainda escondem as minhocas de possíveis predadores, como pássaros. Além disso, a cama, uma camada de palha no fundo do tambor, deve ser adicionada para servir de ponto de partida para a ação das minhocas.

- Não adicionar alimentos com muito sal, já que o sódio é um micronutriente muito perigoso, em excesso, e nem carnes ou derivados de leite nos tambores, pelo mau-cheiro insuportável, que acaba atraindo moscas e outros invertebrados indesejados, mas se a composteira for grande, esses restos alimentares podem ser adicionados sem problemas. O esterco pode causar um pouco de mau-cheiro, mas ele é rapidamente decomposto, diferente da carne ou do leite, e pode ser decomposto em um tambor separado. As principais fontes de matéria orgânica devem ser palha, cascas de ovos, esterco, e cascas e restos vegetais, mas evite plantas doentes, já que isso pode comprometer seu solo com essas possíveis doenças.



- O mau-cheiro muito acentuado pode indicar excesso de alimento para as minhocas, ou seja, mais do que elas podem consumir, assim é necessário  diminuir a adição dos itens citados acima, ou você pode tirar um pouco e colocar em outro tambor, e aumentar a sua produção de húmus.

- Se as minhocas estiverem tentando "fugir" isso pode indicar duas situações: falta de alimento, o que pode ser falta de alimento mesmo (adicione mais), ou superpopulação de minhocas (comece outro tambor ou faça farinha de minhoca); ou excesso de umidade (regue menos;revire o monte; adicione palha).

- Se os alimentos dados forem muito energéticos e pouco proteicos, às vezes pode ocorrer demora na decomposição, devido a indisponibilidade de nitrogênio para o crescimento celular dos organismos, e aí a solução pode ser adicionar adubo verde no composto, fazer o xixizinho diário lá, bem como coletar a urina de animais e adicionar, e ainda adicionar carne, mesmo com o cheiro ruim.

- O excesso de minhocas pode ser combatido produzindo o que chamamos de farinha de minhoca, suplemento na alimentação, principalmente, de aves e peixes, coincidentemente as fontes de alimentos proteicos mais acessíveis, pela fácil crianção. Mas como produzir vinagre e álcool, para tanto? Bom, isso é assunto para outras discussões.

- Quando eu digo tambor, não quero dizer recipiente grande de plástico ou algo do tipo, mas apenas um recipiente grande, bem grande, que possa atender a esses requisitos citados. Às vezes uma tela de metal protegida da umidade por uma lona de plástico grande, moldadas em forma de bacia, pode garantir o serviço, e é até melhor, porque o volume de vermicomposto a ser produzido seria determinado apenas por você, e a mudança da vermicomposteira seria facilitada.


Coleta e Armazenamento


Segundo o manual da Embrapa, após o enchimento do tambor, as minhocas levam cerca de 50 a 60 dias para digerir 80% do substrato, e assim nos presentear com o vermicomposto, contudo esse tempo é muito relativo, e por isso você deve usar um pouco da sua natureza sensitiva para saber quando está pronto. Eu imagino que uma minhoca iria querer fugir caso não tivesse mais alimento, ao invés de comer suas próprias fezes, por isso um sinal pode ser esse. Além disso, você pode pegar um pouco do material marrom-escuro e esfregar nas mãos, com água, e se ele aderir como uma tinta, ou terra molhada, estará pronto para ser coletado.

O armazenamento deve ocorrer segundo as recomendações desse manual feito pela Embrapa.

Um outro tambor deve ser preparado antes da coleta, para que as minhocas selecionadas do antigo tambor possam ser rapidamente colocadas nele, e não sofrerão muito com a intervenção. Para que as minhocas sejam retiradas desse substrato velho, agora pronto, você deve colocar um saco cheio de matéria orgânica nova, verde, dentro do tambor antigo, e esse saco deve contem poros de tamanho suficiente para as minhocas entrarem nele. Assim, depois de algumas horas, você pode retirar esse saco de lá, e as minhocas estarão dentro dele, como se fossem "pescadas" (irônico, não?).